Música em transição: como cada geração reinventa o jeito de ouvir

Do vinil ao TikTok, do walkman às playlists colaborativas: cada geração cria uma nova forma de viver a música, e todas continuam se cruzando no mesmo som.

Qual é a sua memória musical? Se você for do tempo do disco de vinil, ela é mais lenta, mais direcionada. Eu, particularmente, me lembro muito das fitas K7. Elas eram um sinal de liberdade: eu gravava o que queria (yo ho ho!), misturava bandas, gêneros e estilos, colocava recados no meio. Depois, tudo mudou de novo. Vieram os downloads pelo Napster, e lá estava o Metallica corporativo brigando com o mundo. A partir dali, foi só evolução, uma atrás da outra. A forma de descobrir, consumir e compartilhar música se transformou radicalmente a cada geração. Mas, no fundo, o hábito continua o mesmo: ouvir música como companhia, só que com headphones cada vez melhores. (Ainda bem!)

Houve um tempo em que se esperava a música certa tocar no rádio ou se juntava dinheiro para comprar um LP. O consumo era mais lento, mas a relação era de ritual e de coleção. Depois vieram as mixtapes, o walkman e o discman. A música virou gesto, presente, forma de mostrar identidade. Então chegaram o MP3, o Napster, o Limewire, os fóruns e comunidades online. A música ficou acessível como nunca; deixou de ser uma coleção física e passou a ser uma experiência pessoal. Quantas vezes ouvimos alguém falar “as minhas músicas”?

Hoje tudo é imediato, algorítmico e viral. Uma pequena pesquisa leva a um mergulho profundo em um novo estilo. Uma campanha de ads apresenta uma banda que você nunca ouviria sozinho. Um meme no TikTok coloca um refrão na sua cabeça e o sucesso está feito, mesmo que você nunca mais ouça o resto da faixa. O TikTok cria hits mundiais, playlists do Spotify definem carreiras e a lógica do viral fala mais alto do que o conceito de álbum tradicional.E o amanhã? Ninguém sabe. Enquanto alguns sonham com shows imersivos em VR (alô, labirintite!), clipes em realidade aumentada ou qualquer outra modernidade, o passado insiste em voltar. O vinil segue ressurgindo como objeto de desejo. Os headphones, pendurados no pescoço, lembram as antigas silent parties dos anos 2000, em que cada um curtia a própria trilha no mesmo espaço. No fim, não existe geração melhor ou pior: cada uma encontra o seu jeito de se apropriar do som. E a música segue sendo ponte, seja entre tempos, pessoas ou mundos.

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